A primeira praia de nudismo do Brasil recebe naturistas de todo o Mercosul
Marília MacielEspecial para o AN Verão
Os mais diferentes sotaques se misturam na Praia do Pinho. Paulistas, cariocas, mato-grossenses, paranaenses, argentinos, paraguaios, norte-americanos fazem da praia uma miscelânea cultural, mas todos têm algo em comum: a prática do nudismo. Primeira praia do Brasil destinada oficialmente às práticas naturistas, o Pinho possui cerca de 500 metros de faixa de areia onde usar roupa é pecado. Nem mesmo o topless é permitido. Metade da praia é destinada a casais e crianças e há uma área restrita para homens solteiros.A praia, localizada a 15 quilômetros do centro de Balneário Camboriú, é cercada por montanhas cobertas de mata. No Extremo-sul, um conjunto de formações rochosas completa a paisagem. Do lado Norte, uma piscina natural se forma e faz a alegria de adultos e crianças. Não é apenas o nudismo que torna a Praia do Pinho diferente e atrativa. As águas são limpas, cristalinas em alguns pontos. Não há lixo na areia e cada visitante é instruído a colaborar com a limpeza da praia. Nada de vendedores ambulantes. Os garçons do Restaurante do Pinho servem os visitantes na areia. Quem esquece a cadeira de praia pode alugar uma e o guarda-sol vem junto.Para os naturistas que freqüentam a praia há mais tempo, a principal característica do lugar é a amizade e o respeito. "É diferente das outras praias, onde cada um ocupa seu espaço e pronto. Aqui todos são amigos mesmo", afirma a paulista S.F., que há 12 anos freqüenta a praia. Uma forma inevitável de fazer novos amigos no Pinho é ficar no camping. "A melhor hora é a da cozinha", diz a curitibana Vera Sabidussi. "Parece uma grande família". A área de camping oferece cozinha comunitária, energia elétrica, chuveiros e banheiros. Também há quartos na pousada, quitinetes e cabana para quem não gosta de dormir em barraca. Quem preferir fazer as refeições nos dois restaurantes, terá várias opções no cardápio.A paraguaia Olga Ortiz passou este ano sua primeira temporada no Pinho e já decidiu voltar no próximo verão. "No começo é meio complicado tirar a roupa, mas se passam dez minutos e a gente se sente mal se não tirar. Isso é um paraíso", afirma. O casal J.A. e M.A. viaja 1.500 quilômetros para chegar ao Pinho, mas garante que vale a pena. "A sensação de liberdade que se tem aqui paga o sacrifício da longa distância", diz um deles.A praia também é uma atração para o que os nudistas chamam de "curiosos". Por isso a entrada é controlada e paga. Quem não tem coragem de tirar a roupa tem de se contentar em ficar do lado de fora e espiar de longe. Uma placa bem na entrada dá o recado: "Imoral é tudo o que excita os moralistas".