Julio Cavalheiro acompanhou a rotina das aves que escolheram uma pedra na praia de Itaguaçu
Nicolas David | nicolas.david@diario.com.br
O fotógrafo Julio Cavalheiro acompanhou por mais de uma semana um casal que luta para colocar seus filhos no mundo. A maternidade que eles escolheram pode não ser a mais adequada, mas o instinto de defesa das gaivotas não se preocupa com o alojamento, mas com o nascimento dos filhotes e a continuidade da espécie. O ninho está sobre uma pedra às margens da praia de Itaguaçu, na região continental de Florianópolis.
A rotina deles mudou bastante por conta dos filhos. Seu gaivota, como bom pai de família que é, tem saído cedo para buscar galhos que protejam os pequenos e a esposa das baixas temperaturas do inverno em Florianópolis.
Eles ainda não puderam curtir a gravidez juntos, já que precisam manter a casa e têm que pensar no futuro dos filhos agora. Seu gaivota deixa os galhos e volta ao trabalho. Enquanto isso, a atenta senhora do lar, não sai dos seus aposentos, pois todo cuidado é pouco.
Organizados, zelosos, companheiros. Aí está um exemplo de divisão de tarefas da casa. A história de um casal buscando a sobrevivência. Situação que por natureza se torna atrativa.
Começava um novo dia na rotina do casal de gaivotas. Poderia ser um dia normal, mas um imprevisto explicou porque Dona gaivota não deixa o ninho e exigiu que Seu Gaivota mostrasse um pouco de sua força. Intuição feminina não falha.Dona Gaivota sabia que o perigo estava se aproximando, estava incomodada, preocupada. Repentinamente, sem pedir licença mesmo, um pássaro pousa na pedra do casal.
Apesar das dificuldades e do estresse, o nascimento dos filhotes não será estopim de uma crise entre o casal. As gaivotas são monogâmicas, isto quer dizer que, para sempre, seu Gaivota e Dona gaivota estarão juntos. Dando origem a outras vidas. A expectativa é de que essa ninhada explore o mundo nas próximas semanas e é provável que venham trigêmeos.
— As gaivotas colocam de três a quatro ovos com incubação de cerca de 27 dias. Os primeiros ninhos são observados em junho, incrementando gradativamente até setembro em ilhas do Litoral Catarinense. Os filhotes apresentaram rápido crescimento, em 30 dias estão grandes para voar, o que os torna aptos a escapar dos predadores — explica o professor de biologia do Colégio Catarinense Leandro Clezar.
Dessa forma, os próximos Bem-te-vis não terão vida fácil na tentativa de uma invasão de domicílio. Em breve, o ninho estará cheio e o trabalho aumentará, pois a alimentação dos pequenos será responsabilidade dos pais nos primeiros dias.
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